quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Sobre crescer


Minha mãe, minha mãe, eu tenho medo

Me apavora a renúncia. Dize que eu fique
Dize que eu parta, ó mãe, para a saudade.
Afugenta este espaço que me prende
Afugenta o infinito que me chama
Que eu estou com muito medo, minha mãe.

Vinicius de Moraes



Arrumo minha mala, e sinto um aperto! Qual a melhor forma de se despedir?
Fico parada por alguns minutos olhando para minha amada coleção de livros, querendo leva-lós comigo e ao mesmo tempo desejando que fiquem espalhados por este quarto, tão meu! Tão cheio de mim, do meu jeito, das minhas coisas. Tem tanto sentimento junto aqui dentro de mim que sinceramente não consigo descrever. Parece que quando eu for sair e fechar a porta tudo vai desandar.
E eu sei que nunca voltarei a mesma. 

Escolhendo as roupas, encontro entre as minhas bagunças tantas coisas que nem me lembrava mais da existência. 
E as lembranças de pequenos momentos surgem, uma puxando outra...
Moro nesta casa desde sempre, aqui estão todas as minhas melhores recordações da infância, da família. Já sinto tanta falta dos hábitos cotidianos deste lar. Como o de jantar pontualmente as 18h, não dormir com a tv ligada, não deixar pratos sujos na pia, nem calçados espalhados pela casa. Aqui tudo sempre esteve em ordem, com exceção do meu quarto, nos últimos tempos. Quanta saudade já carrega o meu coração! Queria poder ficar voltando a fita, revivendo tudo de novo até aqui! Vou sair de casa carregando nos bolsos a certeza que fui feliz nesse lar. E que crescer é o natural, é saudável. 
Talvez o dia da minha partida seja o mais difícil da minha vida, e ele está assustadoramente perto.





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