quarta-feira, 4 de abril de 2012

A moça que acreditava





Aí a moça se pega preocupada com o dia que mal começou. E corre pra lá e pra cá, pra dar tempo de cumprir todas as obrigações. Acorda cedo, dorme tarde. Se irrita e grita. Quer chorar e não chora.
E não para um pouquinho pra olhar o céu, sentir o cheirinho de café ou dar um sorriso pro vizinho. Ler um trecho do seu poema predileto.
E nunca foge dessa correria, e dessas responsabilidades sem fim, pra ouvir o barulho do mar, molhar os pés e afundá-los na areia. Para sentar no chão respirar fundo e devagar.
'Porque tempo é dinheiro, e o sol só serve pra me fazer suar. E esse vento que bate no rosto, só me despenteia os cabelos.'
Aí a moça esbarra em milhares de impossibilidades, e reclama, e acumula preocupações. E continua sem lembrar que no fim do dia, ela pode deitar no sofá, e ouvir aquela música que resgata a 'moça que acreditava'. Cantarolar um samba de Chico no chuveiro. E esquecer os problemas, lendo Caio e Clarice, e abrindo os olhos pra ver que a vida pode ser bonita, quando a gente a enxerga com olhos de poesia.




Karla Tabalipa, adaptado.



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