Começou
de súbito. Você se encantou pela minha saia. E então eu também. Na
verdade eu não tava nem aí pra minha saia, mas me encantei por ela
refletida no seu olhar. E depois me encantei por tudo o que se refletia
no seu olhar, inclusive por mim mesma. Encantei-me com o brilho dos teus
olhos. (Peço licença ao leitor, mas volta e meia caio em clichês. O
amor é um treco brega e não há como escapar disso.)
Na
tentativa de ser elegante, de vez em quando finjo que não amo. Forço
uma distração, me faço de descontraída, de mulher firme, feminista,
independente. Balela. Tudo balela.
No
fundo o amor é paranóico, e isso não tem nada de elegante. No fundo eu
sou meio surtada e é bem por isso que sei que amo. Amar é querer ser
amado. Amor exige correspondência. Amor é narcisista. E eu, que me
reconheço quase como um pedaço de amor encarnado em células, sou toda
desejante do teu amor. Assim como toda mulher. Sim, sou um clichê
feminino.
(Agora peço licença às leitoras, vou falar em nome de todas nós. Ou pelo menos vou tentar.)
Daí
tem essa coisa de príncipe encantado, que os homens acham que as
mulheres querem. Meu bem, chega mais que eu vou te contar aqui um
segredo. Vamos, se aproxime que eu vou falar baixinho: Psiu, as mulheres não querem um príncipe encantado.
As
mulheres são puro amor, e o amor não gosta de facilidades. O que as
mulheres querem mesmo são sapos. Pra reclamar deles. Pra se acharem
todas princesas. E pra transformá-los em príncipes com beijos
esforçados. Mas depois vocês têm de voltar a ser um pouco sapos, que é
pra gente poder transformá-los em príncipe por um segundo, novamente.
Porque
essa história de homem perfeito, é na verdade, um saco. Não quero
alguém que tenha o cabelo mais arrumado que o meu, nem alguém que tenha
muito cuidado ao me pegar. Não quero alguém que me salve e nem quero
alguém que me endeuse.
Quero
você, que me pega-de-jeito, e me puxa o cabelo em beijos de tirar o
fôlego. Quero você, que me põe na forca com delicadeza e depois me deixa
saber que foi só um susto. Quero você, que às vezes não vê nada em mim,
além da minha saia. Outras vezes, vê tudo em mim, menos as minhas unhas
à francesinha. Outras vezes ainda, nem me vê e me deixa existir de
qualquer jeito. Quero você, que não tem medo de me pegar e nem de me
fazer pecar. Quero você, que me deixa brincar tanto
com o amor que eu até duvido de que ele seja sério. Quero você, príncipe encantado com qual nunca sonhei.
Ana Suy levemente adaptado por Valdeline Barros.
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