sábado, 10 de setembro de 2011

Entre sapos e saias

 
Começou de súbito. Você se encantou pela minha saia. E então eu também. Na verdade eu não tava nem aí pra minha saia, mas me encantei por ela refletida no seu olhar. E depois me encantei por tudo o que se refletia no seu olhar, inclusive por mim mesma. Encantei-me com o brilho dos teus olhos. (Peço licença ao leitor, mas volta e meia caio em clichês. O amor é um treco brega e não há como escapar disso.)
Na tentativa de ser elegante, de vez em quando finjo que não amo. Forço uma distração, me faço de descontraída, de mulher firme, feminista, independente. Balela. Tudo balela.
No fundo o amor é paranóico, e isso não tem nada de elegante. No fundo eu sou meio surtada e é bem por isso que sei que amo. Amar é querer ser amado. Amor exige correspondência. Amor é narcisista. E eu, que me reconheço quase como um pedaço de amor encarnado em células, sou toda desejante do teu amor. Assim como toda mulher. Sim, sou um clichê feminino.
(Agora peço licença às leitoras, vou falar em nome de todas nós. Ou pelo menos vou tentar.)
Daí tem essa coisa de príncipe encantado, que os homens acham que as mulheres querem. Meu bem, chega mais que eu vou te contar aqui um segredo. Vamos, se aproxime que eu vou falar baixinho: Psiu, as mulheres não querem um príncipe encantado.
As mulheres são puro amor, e o amor não gosta de facilidades. O que as mulheres querem mesmo são sapos. Pra reclamar deles. Pra se acharem todas princesas. E pra transformá-los em príncipes com beijos esforçados. Mas depois vocês têm de voltar a ser um pouco sapos, que é pra gente poder transformá-los em príncipe por um segundo, novamente.
Porque essa história de homem perfeito, é na verdade, um saco. Não quero alguém que tenha o cabelo mais arrumado que o meu, nem alguém que tenha muito cuidado ao me pegar. Não quero alguém que me salve e nem quero alguém que me endeuse.
Quero você, que me pega-de-jeito, e me puxa o cabelo em beijos de tirar o fôlego. Quero você, que me põe na forca com delicadeza e depois me deixa saber que foi só um susto. Quero você, que às vezes não vê nada em mim, além da minha saia. Outras vezes, vê tudo em mim, menos as minhas unhas à francesinha. Outras vezes ainda, nem me vê e me deixa existir de qualquer jeito. Quero você, que não tem medo de me pegar e nem de me fazer pecar. Quero você, que me deixa brincar tanto com o amor que eu até duvido de que ele seja sério. Quero você, príncipe encantado com qual nunca sonhei.

Ana Suy levemente adaptado por Valdeline Barros.

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