Entrei em casa e me deparei com um papel... Um papel comum e nele estava escrito o nome da minha mãe, com letras mal desenhadas, típicas de quem não sabe escrever nada além do nome. Refleti sobre a vida dessa mulher. Que começou a trabalhar cedo na roça, não freqüentou a escola, e fugiu de casa com 17 anos, por causa da brutalidade dos pais. Não desistiu... Foi morar na Capital com a irmã. Conheceu meu pai, namorou, casou, teve filhos, passou fome, veio morar no interior. E só viu sua mãe novamente no caixão. E não desistiu... Nunca apanhou do meu pai, porque nunca ia permitir, mas sofreu quando ele chegava embriagado em casa, quase todos os dias. E quando também embriagado, sofreu um acidente e quase morreu. Ela não desistiu... Quando os filhos começaram a beber o sofrimento triplicou. Quando ela viu o filho bater no pai e vice-versa ela entrou no meio e chorou... Mas não desistiu. E cada vez que ficava nervosa, e a depressão chegava, ela não conseguia mais comer sozinha, tomar banho, se vestir sozinha, falar...  Mas ela não desistiu, nós não desistimos.  Minha mãe é forte e doce. E eu tenho um orgulho tão grande dela, apesar do seu jeito desajustado, de não saber direito o que falar, e falar muito mesmo assim. E o que eu mais gosto na minha mãe é sua presença, é tê-la por perto, é sentir seu abraço e ver seu sorriso. Ela é a pessoa mais sorridente que conheço. Adoro vê-la sorrir. Ninguém que a conheça agora imaginará quanto sofrimento já passou. E eu sei que hoje, mais do que nunca ela está bem, porque ela nunca desistiu... Nunca desistiu de nós, nunca desistiu de ser feliz!